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19.10.15

FIM

Toda história tem seu começo, meio e fim. Bom, o fim tem seu momento para chegar. E ele chegou. Essa história ficou para trás e finalizou da melhor.

A vida é feita de ciclos. E nos surpreendemos com as respostas que só o tempo nos dá.

Que essa história fique na memória. Bem lembrada, com carinho. Nada mais que isso.

Agora, a vida segue. Uma nova história segue. Dessa vez, espero que sem fim. Porque os sentimentos nos surpreendem, e agora eu sinto a certeza do que eu quero para sempre.

Obrigado a todos.

beijo grande e, em breve, novos projetos.

22.6.13

#01 - O dia mais feliz da minha vida



Quando você partiu achei que não ia ter saída. É sempre assim, nós pensamos no trágico, ficamos desesperados, cegos, alienados, o mundo parece que acaba e sofremos como se nada fosse ter solução.

Achei que eu ia amargar essa angústia para sempre, essa ausência, solidão, carência, um amor que nunca mais teria igual.

Fiquei desesperado, pensei em coisas perigosas, cheguei ao extremo. O tempo parecia que nunca ia passar, não tinha por que passar, ia ficar parado, assim, para sempre.

Era uma realidade dentro do meu mundo.

Eu me escondi por segurança, ou por falta de vontade de viver. Falta de vontade de me relacionar com as pessoas. Eu criei um mundo particular, sem você, mas por você, onde eu pudesse me esconder. Inventei um mundo sozinho, onde eu não queria que houvesse o amor. Uma realidade paralela que só você poderia me tirar.

Quase me entreguei à depressão e criei vários mundos particulares como forma de suprir a falta que você me fez.

É uma tortura quando dois amores são separados pelo destino, e o mundo impede ele de acontecer. Fiquei alienado nesse desespero, enquanto tudo passava. Eu tinha a esperança do tempo resolver as coisas e fazer eu entender que o destino é único e que não adianta questionar ou tentar mudá-lo.

Mesmo com o tempo as lembranças nunca se desgrudaram de mim, ele alimentou o desespero da saudade. Todo o período que vivemos juntos se manteve vivo, se tornou realidade.

Dia 27 de agosto de 2011 sempre eterno. Um dia que não acabou e nunca acabará em mim, em nós. Nosso amor é único em minha vida. E foi assim, mês a mês, dia a dia, resgatando você e a nossa história, que eu te esperei, de corpo e alma, na esperança desse dia, na esperança do reencontro.

Agora eu sorrio à toa, sorrio por bobeira, não consigo tirar isso do rosto. Reencontrei a alegria e não ligo mais pra nada. Encontrei as razões que eu tanto procurava. A metade de mim que se perdeu está voltando ao lugar. O mundo pode acabar que eu estarei completo.

Que tenha sido um teste para o nosso amor, que tenha sido a prova de que temos sentimentos sólidos e que possamos fazer todos os planos e juras de amor, porque tudo isso é mágico.

É mágico saber distinguir o dia mais feliz da sua vida.

Eu sempre imaginei o que falaria em uma entrevista quando o repórter me perguntasse algo do tipo:

- Qual foi o dia mais feliz da sua vida?

Eu me frustrava por não ter resposta na ponta da língua. No aeroporto eu descubro que agora tenho.



21.6.13

#02 - Chegou a hora (ou quase)

Foto de Roberto Cambusano

Chegou a hora de renascer,  voltar a viver, colocar pilha no relógio, atualizar o calendário.

Chegou a hora de dar mais valor à vida, de aproveitar os segundos, de viver cada dia como se fosse o último.

Chegou o dia de ver tudo colorido novamente,

Chegou o dia de sair da caverna, sair do escuro.

Chegou o dia de subir até o cume da montanha.

Chegou o dia de voltar a sorrir.

Não tem nada que me impeça disso.

Chegou a hora de ser uma nova pessoa.

Chegou a hora de fazer a revisão, de tirar o proveito, aprendizagens

Chegou a hora de fazer festa

Chegou a hora de cair na real, sair do nada e ter destino.

Chegou a hora de sair de um mundo de mentira, descartável.

Chegou a hora de entrar do conto de fadas

Chegou a hora de amar e sentir

Chegou a hora de pegar, apalpar, retomar o tato, o olfato

Chegou a hora de lembrar o que é beijar na boca, sentir o seu gosto.

Chegou a hora, é agora.

Mesmo incompleto não tem essa de desistir, é esperar.

Chegou a hora de reconhecer que a esperança é a força que nos permite sempre acreditar.

Chegou o dia que a vida vai mudar,

Chegou o dia mais feliz da minha vida.


20.6.13

#03 - Geada


Enquanto a geada compõe a estética do jardim matinal, eu olho pro céu enquanto tomo café.

Parece sonho, mas não é. Tô olhando pro céu pra ver se passa algum avião. Ou será que ela vem de trem? De bicicleta?

Que venha voando, batendo as asas, mundo à fora, e retorne para o seu abrigo e proteção.

Eu só queria saber se você dormiu bem. Se você acordou bem. Se as malas estavam prontas. Mas não existe telefone sem fio que me dê essa resposta.

Meu coração palpita cada vez mais forte e acelerado. Inevitável não saber o por quê. 

Quero te proteger de todos os males da vida. Quero te blindar de tudo e de todos. E quero te receber de braços abertos. Você mora dentro de mim e seu abrigo é nos meus braços.

Que esse sonho se transforme no dia mais feliz da minha vida.

19.6.13

#04 - O mundo volta a ser um só

Flávio Scholles - Casal na cama

Os dias são relativos e me levam pra dois mundos, dois lados. Enquanto eles passam, aumentam a saudade pela distância entre nós dois, e, por outro lado, me faz saber que é um dia a menos para o reencontro.

O fim se aproxima, e chega a hora de voltar no mesmo lugar em que te vi partir. Não entendo até hoje por que fiz isso. Eu abri o próprio abismo em que me afundei, parece eterno, mesmo que temporário.

Da despedida ficou o beijo salgado de nossas lágrimas misturadas, e o sacrifício de um abraço interligado pelo nosso magnetismo. Um abraço com começo e sem fim.

Guardei nosso beijo dentro de uma concha e não lavei a camisa que eu usava quando nos despedimos, seu cheiro ainda estava ali.

A impotência de te ver entrar na sala de embarque e não poder mais te alcançar, de dar o último beijo, mesmo que nessas ocasiões nenhum beijo satisfaça a despedida. Logo, você já estava misturada com as estrelas do céu do outro lado do mundo.

A saudade que eu deixei partir, que me fez viver, me fez sentir.

Nas lembranças é impossível conter a dor, que aos poucos é substituída pela alegria e pelo sorriso.

Eu corro, a mil por hora, em qualquer hora, eu corro até você, eu corro pra te ver de novo.


18.6.13

#05 - Asma



Durante toda a minha vida foi assim: Asma.

Foi pressentimento.

Falta ar. 
Muito ar. 
Respiração ofegante.

Ansiedade é armadilha.
É egoísmo querer chegar mais rápido que o tempo.
É egoísmo não cumprir etapas.

Mas você me leva a isso. 
Minha cabeça me leva a você.
Eu quero chegar em você, e não deixar você chegar em mim.

Atitudes são consequências.

Meses passaram sem significado, sentido, à toa.
Olho por todo o lado e o mundo não para, mas eu parei.
Tudo passa por mim e eu não saio do lugar.

Suspiro essa ansiedade de te consumir e aproveitar o tempo perdido.
Tempo que convivi com uma falsa derrota.
Uma derrota criada em mim. Derrota da sua ausência.

É um sacrifício respirar.
Não consigo dormir,
Sonho acordado, na cara dura.

E só o seu cheiro será capaz de me tirar dessa insuficiência respiratória.


17.6.13

#06 - Melhor amigo do homem (ou das nossas crianças)

Chad Spector - UT, USA

Queríamos ficar até mais tarde na cama, mas eles nos acordavam à força, aos beijos, às lambidas. Forçavam nossas mãos com o focinho em troca de carinho. Não queríam saber, eles tinham essa liberdade, entravam e saíam do quarto na hora que quisessem. Arrumavam um espaço no meio de nós, no quentinho do edredom, e achavam um jeitinho de dividir a cama com a gente.

Snow só atende aos chamados em inglês, a dona preferiu assim.

Galileu não atendia a chamados. Era do tipo arteiro, irresponsável, que só queria brincar, só queria carinho, chamar a atenção.

Um gostava de nadar. O outro, de cavar buracos no jardim. Os dois gostavam de bolinhas.

Quando os gêmeos nasceram, eles passaram a dormir ao lado do berço. Não arredavam dali e latiam se algum estranho se aproximasse. Pena que o latido acordava as crianças, que depois ficavam inquietas, querendo brincar.

A primeira palavra que Fred disse foi "now now"; Sophia, "ieu ieu"...

Quando as crianças estavam no carrinho, eles estavam de pé, ao lado, lambendo-as. Gostávamos desse hábito. Elas se sentiam seguras. Eles, protetores. Faziam o papel deles. 

Na maioria das vezes colocavam, com a boca, a bolinha dentro do carrinho e depois ficavam esperando que elas jogassem. 

Mas hoje Galileu e Snow invadiram o nosso quarto, puxaram a coberta desesperados, queriam chamar nossa atenção. Pensamos nas crianças e corremos para o quarto. Era só uma bolinha que caiu embaixo do berço...

Melhores amigos se ajudam, se amam, se protegem. Eles são nossos melhores amigos, e nunca haverá preço que pague por isso.

Eles querem atenção e companhia e nunca sairão de nosso lado. Pena que não duram para sempre... Mas prefiro pensar nisso outra hora.