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19.5.13

#35 - Você resolve

Roberto Cambusano


Estava sentado em um banco da praça, no centro da cidade. Um homem sentou do meu lado e perguntou:

- Amigo, por favor. Hoje vai chover?

Obviamente, olhei pra ele com uma cara de desprezo e respondi:

- Não sei. Isso não me importa.

Ele continuou do meu lado. Pareceu não se importar com a grosseria. Eu mantinha o silêncio e olhava pra frente.

- Deu uma esfriada, né?!

- Sim.

- Você tem horas?

- Não. Isso também não me importa.

- Você tem algum amor?

Não entendi o motivo da última pergunta. Fiquei quieto. Deixei-o falando sozinho.

- Você está sem um amor. Você está precisando amar.

Perdi a paciência. Quem era esse "qualquer" que para do meu lado pra dizer o que eu preciso ou não fazer? Um otário.

- Eu amo.

- Saber que você ama eu sei, mas sofre pela ausência.

- Isso não é da sua conta.

- Não mesmo, mas você poderia ao menos disfarçar.

- Quem é você pra dizer o que eu devo ou não fazer?

O rapaz se levantou e saiu. Pra mim nada importava. Nem o tempo, nem a hora. O amor era feito de lembranças.

Voltei pra casa. Só de entrar no apartamento eu já dava de cara com a solidão, era inevitável. Fiquei pensando o que aquele rapaz queria comigo. Como ele conseguir cutucar a minha maior ferida. Por um momento me arrependi de não ter continuado a conversa. Sentia a necessidade de desabafar, falar o que eu sentia sem censura. Falar o que tomava conta de mim. Mas não tinha jeito, não tinha saída.

A solidão existe  minh'alma e só a sua presença conseguirá suprir a isso.

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