Roberto Cambusano |
Estava sentado em um banco da praça, no centro da cidade. Um
homem sentou do meu lado e perguntou:
- Amigo, por favor. Hoje vai chover?
Obviamente, olhei pra ele com uma cara de desprezo e
respondi:
- Não sei. Isso não me importa.
Ele continuou do meu lado. Pareceu não se importar com a
grosseria. Eu mantinha o silêncio e olhava pra frente.
- Deu uma esfriada, né?!
- Sim.
- Você tem horas?
- Não. Isso também não me importa.
- Você tem algum amor?
Não entendi o motivo da última pergunta. Fiquei quieto. Deixei-o
falando sozinho.
- Você está sem um amor. Você está precisando amar.
Perdi a paciência. Quem era esse "qualquer" que para do meu
lado pra dizer o que eu preciso ou não fazer? Um otário.
- Eu amo.
- Saber que você ama eu sei, mas sofre pela ausência.
- Isso não é da sua conta.
- Não mesmo, mas você poderia ao menos disfarçar.
- Quem é você pra dizer o que eu devo ou não fazer?
O rapaz se levantou e saiu. Pra mim nada importava. Nem o
tempo, nem a hora. O amor era feito de lembranças.
Voltei pra casa. Só de entrar no apartamento eu já dava de
cara com a solidão, era inevitável. Fiquei pensando o que aquele rapaz queria
comigo. Como ele conseguir cutucar a minha maior ferida. Por um momento me arrependi de não ter continuado a conversa. Sentia a
necessidade de desabafar, falar o que eu sentia sem censura. Falar o que tomava
conta de mim. Mas não tinha jeito, não tinha saída.
A solidão existe minh'alma e só a sua presença conseguirá
suprir a isso.
Lindo :)
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