Mariana D'Ornellas - Curitiba-PR |
Segunda foto. Segundo mês.
Os dias se descaracterizavam. Os objetos e fotos da caixa alimentam
sentimentos que devastavam o meu eu.
O sentimento de que o ontem foi melhor do que o hoje é inevitável.
Reviver o passado é covardia. Ainda mais quando esse passado preenche o vazio
que existe em nós. O passado de momentos que nem sabemos se um dia vai se
repetir. Tudo que passamos é melhor do
que a solidão e angústia de hoje.
Mas o passado antes de te conhecer não foi melhor do que
nada. O melhor começou em você. Eu só descobri a alegria, o sorriso, o
preenchimento do vazio da alma, o amor de verdade, junto com você. Vivíamos em
uma bolha, inertes a tudo que nos cercava.
Apenas o segundo mês juntos e parecia que estávamos tirando
uma foto do nosso casamento. Esse é o problema. Passávamos a todos essa segurança,
pelo olhar. Nossos olhares já pertenciam ao futuro. Se a culpa fosse só do
olhar, ou das estrelas, não teríamos problemas. Mas o problema surgiu do coração
e no dia dessa foto percebi que realmente estava gostando de alguém. Poderia
gostar de alguém de verdade. Não era impossível. E, em um passe de mágica,
todos meus falsos amores caíram por terra te colocando como a única.
Foi então que, em uma coincidência tradicional da nossa
relação, na hora de nos despedirmos na porta de casa, nos olhamos sincronizados
e dissemos: Eu te amo.
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