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9.5.13

#45 - O começo ou o fim sempre volta

Janira Muños - Barcelona



- Foi mais fácil do que pensou?

- Tudo que eu queria era te ver.

- Está me vendo.

- Olha pra mim.

- Você tem que respeitar o tempo das coisas.

- Só quero olhar pra você.

- Então espera. Tudo tem o seu tempo.

- E por que você foi embora sem me falar nada? Sem me falar pra onde?

- Por que a vida nem sempre cabe na palma das mãos.

- Digo o mesmo pra você. Vai ficar de costas?

- Estou pintando.

- Eu te amo.

- Eu também.

- E o que é tudo isso aqui?

- Dê tempo ao tempo.

- E esse quadro que você está pintando? É o mesmo traço que eu fiz na parede.

- Foi uma maneira de te trazer até aqui. Primeiro você vai ter outras coisas pra fazer, pra resgatar. E depois vai saber o porquê desse quadro.

- Quais coisas? Eu só quero você por perto, quero você comigo.

- Mas é com essa distância que você vai valorizar todo o nosso amor.

- E você está dizendo que eu nunca valorizei?

- Não disse isso. Quero apenas que você dê tempo ao tempo. Na caixa que eu te enviei tem outros objetos. Saiba tirar a mensagem de cada um deles, todos têm um motivo para estarem ali. E, por último, vai começar a nossa melhor brincadeira, aqui dentro desse ateliê.

- Quanto tempo?... Ei, fala comigo...


Por fim, estava de volta a sala, com o pincel na mão. Olhava para a parede sem entender nada. Chorei sem perceber. E, de novo, parecia que tudo estava começando do zero. Todo o sofrimento, toda dor. A dor pela saudade, pela incógnita. A dor pelo amor.

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