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7.5.13

#47 - Amar é viver em um mundo particular

Lione Bakker - Netherlands

Dizem que quando duas pessoas se amam elas ficam bobas. Começam a se tratar de maneira diferente, a falar igual criança, a fazer caretas que só elas têm, começam a descobrir os lugares que o outro tem mais cócegas, começa a rir de coisas bobas e que só fazem sentido para os dois.

Quando duas pessoas se amam, eles criam um mundo particular. Ou dois mundos particulares. Um infinito de mundos particulares, onde o endereço é o amor. No qual a razão é o amor. No qual chega um ponto que o amor é a maior razão que existe entre duas pessoas. 

Um mundo compartilhado nos olhares. Uma comunicação à parte. Uma rede social compartilhada a dois, em pequenos gestos. A rede social de pupilas cheias, de pupilas pequenas, de pupilas brilhantes, de lágrimas. Lágrimas de amor, de tristeza, de raiva, lágrimas de saudade, de amor.

Um mundo compartilhado em sorrisos. Uma infinidade. Sorrisos diferentes, amargos, doces, sem graça. Sorrisos amarelos, forçados, sorrisos de amor. 

Um mundo concentrado no movimento dos lábios. Um mundo concentrado no movimento das sobrancelhas. Um mundo eternizado no abraço. Abraço quente, apertado, encaixado. Quem ama se encaixa. Se encaixa gostoso. Sente o calor do abraço, sente a dor do abraço. Abraçar dói. Abraçar apertado dói. Dói a coluna, dói a costela, tira o ar. Fica amarrado. Imóvel. Imune. Protegido. Abraço de proteção. Continua sem ar. Mas sem ar de amor. Amor tira o fôlego. Amar é compartilhar o mesmo ar que respiramos.

 Amar é viver, compartilhar. Amar é viver uma comunicação a dois. Diferente de todas, em um mundo particular.

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