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2.5.13

#52 - Crônica sobre o amor a distância

Luis Rodríguez López - Granada, Espanha.


A distância não muda o amor, apenas o meio de amar.

Amar a distância é idealizar e sofrer de esquecimento, uma espécie de amnésia do amor. Esquecer a pele, o olhar, os detalhes do corpo, o toque daquele que você ama. É fazer o amado virar uma celebridade, daquelas que quando vemos pessoalmente não acreditamos ser de verdade.

Quem dera pudéssemos nos ver pessoalmente a qualquer hora!

Amar a distância é trocar o "oi", seguido de selinho, por um "oi" com você dizendo "beijinho" apenas no final da ligação.

Amor a distância é covardia com os apaixonados. Não é prova de amor, é tortura.

O amor a distância é um devaneio de lembranças. É pertencer àquele a que ninguém pertence, é pertencer ao futuro que nem sabemos se um dia vai chegar.

Trocar o físico pelo virtual não é privilégio nenhum, é picaretice do amor. É passar vontade.

Amar a distância é ser rico e não ter dinheiro para comprar a presença dela, nem o corpo dela, nem o beijo ou uma beliscada. É ver um casal alheio junto no metrô e só poder salivar. Passar vontade.

Amar a distância é a tragédia que se mantém. É o sofrimento que queremos que sempre permaneça, é a dor que queremos que continue, pois se um dia acabar não teremos chão. Melhor ter um amor na webcam do que uma ex mais solta que arroz de festa na House Party "cus amigu".

E digo mais: a dor da distância não caleja ninguém, apenas nos deixa mais sensíveis. A distância valoriza ainda mais o amor.

3 comentários:

  1. parabéns pelos belíssimos textos...que os 60 dias não sejam imites, mas apenas um interregno de sensibilidade e vida!

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  2. parabéns pelos belíssimos textos...que os 60 dias não sejam limites, mas apenas um interregno de sensibilidade e vida!

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    1. Muito obrigado Bosco. Espero que continue acompanhando os próximos capítulos dessa história! grande abraço!

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