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17.6.13

#06 - Melhor amigo do homem (ou das nossas crianças)

Chad Spector - UT, USA

Queríamos ficar até mais tarde na cama, mas eles nos acordavam à força, aos beijos, às lambidas. Forçavam nossas mãos com o focinho em troca de carinho. Não queríam saber, eles tinham essa liberdade, entravam e saíam do quarto na hora que quisessem. Arrumavam um espaço no meio de nós, no quentinho do edredom, e achavam um jeitinho de dividir a cama com a gente.

Snow só atende aos chamados em inglês, a dona preferiu assim.

Galileu não atendia a chamados. Era do tipo arteiro, irresponsável, que só queria brincar, só queria carinho, chamar a atenção.

Um gostava de nadar. O outro, de cavar buracos no jardim. Os dois gostavam de bolinhas.

Quando os gêmeos nasceram, eles passaram a dormir ao lado do berço. Não arredavam dali e latiam se algum estranho se aproximasse. Pena que o latido acordava as crianças, que depois ficavam inquietas, querendo brincar.

A primeira palavra que Fred disse foi "now now"; Sophia, "ieu ieu"...

Quando as crianças estavam no carrinho, eles estavam de pé, ao lado, lambendo-as. Gostávamos desse hábito. Elas se sentiam seguras. Eles, protetores. Faziam o papel deles. 

Na maioria das vezes colocavam, com a boca, a bolinha dentro do carrinho e depois ficavam esperando que elas jogassem. 

Mas hoje Galileu e Snow invadiram o nosso quarto, puxaram a coberta desesperados, queriam chamar nossa atenção. Pensamos nas crianças e corremos para o quarto. Era só uma bolinha que caiu embaixo do berço...

Melhores amigos se ajudam, se amam, se protegem. Eles são nossos melhores amigos, e nunca haverá preço que pague por isso.

Eles querem atenção e companhia e nunca sairão de nosso lado. Pena que não duram para sempre... Mas prefiro pensar nisso outra hora.

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