Chad Spector - UT, USA |
Queríamos
ficar até mais tarde na cama, mas eles nos acordavam à força, aos beijos, às
lambidas. Forçavam nossas mãos com o focinho em troca de carinho. Não queríam saber, eles tinham essa liberdade, entravam e saíam do quarto na hora que quisessem. Arrumavam um espaço no meio de
nós, no quentinho do edredom, e achavam um jeitinho de dividir a cama com a gente.
Snow só
atende aos chamados em inglês, a dona preferiu assim.
Galileu não atendia a chamados. Era do tipo arteiro, irresponsável, que só queria
brincar, só queria carinho, chamar a atenção.
Um gostava de nadar. O outro, de cavar buracos no jardim. Os dois gostavam de bolinhas.
Quando os
gêmeos nasceram, eles passaram a dormir ao lado do berço. Não arredavam dali e latiam se algum estranho se aproximasse. Pena que o latido
acordava as crianças, que depois ficavam inquietas, querendo brincar.
A primeira palavra que Fred disse foi "now now"; Sophia, "ieu ieu"...
Quando as crianças estavam no carrinho, eles estavam de pé, ao lado, lambendo-as. Gostávamos desse
hábito. Elas se sentiam seguras. Eles, protetores. Faziam o papel
deles.
Na maioria das vezes colocavam, com a boca, a bolinha dentro do carrinho e depois ficavam esperando que elas jogassem.
Mas hoje Galileu e Snow invadiram o nosso quarto, puxaram a coberta desesperados, queriam
chamar nossa atenção. Pensamos nas crianças e corremos para o quarto. Era só uma bolinha que caiu embaixo do berço...
Melhores amigos se ajudam, se amam, se protegem. Eles são nossos melhores amigos, e nunca haverá preço que pague por isso.
Eles querem atenção e companhia e nunca sairão de nosso lado. Pena que não duram para sempre... Mas prefiro pensar nisso outra hora.
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